Lama... isso que é pedal |
Quando terminou o feriado de 7 de setembro, já tinha em mente que para o feriado de outubro faria a cicloviagem de Curitiba até Cananéia, passando pelas ilhas do Mel, das Peças, Superagui e do Cardoso. Como não estava pedalando com freqüência, decidi que pedalaria todos os finais de semana até o feriado para ganhar ritmo.
O objetivo estava claro em minha cabeça, só esqueci-me de combinar com a previsão do tempo. Final de semana vem, final de semana vai e nada de tempo bom. Só chuva e nada de pedalar. Por isso, neste final de semana decidi, juntamente com a Vivi, que pedalaria sob qualquer condição climática.
Mais um final de semana chegou e o sábado amanheceu chovendo novamente. Apesar da preguiça de sair do conforto de nossas camas para encarar a trilha nessas condições, lá fomos nós pedalar mesmo assim.
Arrumamos as coisas no carro e rumamos para Santa Branca. No caminho a Vivi lembrou que se esqueceu de pegar a câmera fotográfica. Mais um passeio sem foto? Não, felizmente estava com meu celular e apesar de as fotos não ficarem com a mesma qualidade, dava para registrar alguma coisa.
Chegamos a Santa Branca e a Vivi lembrou que esquecemos outra coisa. O que era? Os ciclocomputadores. Mais uma vez tudo conspirava contra o nosso objetivo.
Para aqueles que não sabem, o ciclocomputador é fundamental na orientação de uma planilha de trilha para bikes, pois com ele identificas a quilometragem rodada e verificas a direção que deves seguir.
Após algumas risadas, decidimos que faríamos a trilha de qualquer maneira, Ou seja, tentaríamos navegar as cegas.
Após uma confusão inicial para localizar o caminho correto, perguntamos para os moradores qual era o caminho para a represa e iniciamos a nossa jornada. Após identificar uma bifurcação na planilha, fiquei confiante que conseguiríamos a proeza de navegar sem o ciclocomputador.
Seguimos pedalando em direção a represa e de acordo com a planilha, em uma bifurcação, teríamos que seguir a direita. Na primeira bifurcação encontrada, seguimos pela direita com toda certeza que estávamos certos.
Logo após a bifurcação, encontramos um tremendo atoleiro. Tudo conspira contra? Não desta vez o atoleiro conspirou a favor. Se não fosse ele, não perderíamos tempo ali e certamente não teríamos a oportunidade de perguntar para o motorista do carro, que vinha no sentido contrário ao nosso, se estávamos corretos ou não.
Ao perguntar se estávamos corretos o fomos informados que deveríamos ter seguido na estrada principal e virar a direita na próxima bifurcação. Completou que até conseguiríamos chegar onde queríamos por ali, más sem conhecer o caminho certamente acabaríamos perdidos.
Esse perdido foi o bastante para decidirmos que seria muito complicado seguir em frente sem o ciclocomputador.
Para não perder o dia, pensamos em pedalar até a represa e dali seguir em frente por pelo menos uma ou duas horas e retornar pelo mesmo caminho.
Voltamos para a estrada principal e seguimos em direção a represa. Não demorou muito para chegarmos até ela.
Encostamos nossas bikes e paramos para tirar fotos. Nisso vi duas senhoras comendo amora diretamente do pé, que estava à margem da represa. Não pensei duas vezes e fui até o pé de amora.
Enquanto nos deliciávamos com as amoras, um morador da cidade, que estava fazendo um churrasco na beira da represa juntamente com seus amigos, nos ofereceu uma carne.
Aceitamos e logo ela voltou nos convidando para sentarmos com eles. Desta forma conhecemos o Zé Luis (este que nos ofereceu um pedaço de carne), o Batista, o Nego, o Marcus, o Fião, o Mineiro (que na verdade é pernambucano) e o Loro (que tem cabelos castanhos escuros) pessoas de uma simplicidade impar que fez com que nos sentíamos em casa.
Conversa vai, conversa vem e nos ofereceram uma lata de cerveja. Pensei “uma latinha só, recusá-la diante de tamanha cordialidade seria um insulto para eles”.
Nem bem tomamos a primeira latinha e o Zé Luis já chegou com mais outra. Nesta hora já sabia que não sairíamos mais dali tão cedo. Más e o treino? Bem, a conversa estava tão boa e o contato com essa gente do campo me fascina tanto que desencanei de pedalar, afinal ter contato com pessoas que têm aspirações diferentes da minha, faz com que eu avalie alguns anseios que vida urbana me impõe e repense que muitos deles são desnecessários para se ter uma vida feliz e realizada. Afinal, do que adianta sucesso na vida profissional se não temos tempo para desfrutar das coisas boas e simples da vida como um churrasco na beira da represa? É, infelizmente, o homem moderno está contaminado pela busca incessante de uma vida luxuosa e acaba esquecendo “que às vezes o menos, é mais”.
Ficamos ouvindo e dando risada com as histórias de vida de todos eles até as 17h, quando decidimos voltar para a cidade, porém a aventura não acabou.
Pelas minhas contas tínhamos tomado cinco latinhas de cerveja, então decidimos ir com calma para evitar um acidente. Más eu que sóbrio já me atrapalho com o clipe do pedal, com cinco latinhas então! Não andamos 1 km e já me atrapalhei todo com o clipe e fui para o chão. Ah! Fora que na ida já tinha tomado um rola pelo mesmo motivo.
Minhas travessuras não terminaram por ai. Quando chegamos à cidade e entramos nas vias de paralelepípedo, sem motivo algum passei a pedalar mais forte em uma leve descida e quando fui desviar de um buraco, adivinha o que aconteceu?
Como diria o ilustre narrador Silvio Luis “TÁ LÁ UM CORPO ESTENDIDO NO CHÃO!!!” Felizmente somente umas escoriações leves e nenhum osso quebrado. Quando passou o susto comecei a dar risada, pois este tombo foi típico de iniciante, já que eu sabia que a equação paralelepípedo mais chuva é igual a piso sem aderência alguma e correr nessas condições não faz bem para a saúde. Desta forma, eu deveria saber descer naquela velocidade era loucura, já que passei minha infância inteira andando de bicicleta por ruas com esse calçamento no interior de Minas Gerais e até então nunca tinha levado um tombo desses.
Diante deste acidente, novamente pergunto, tudo conspira contra ou a favor da cicloviagem? Neste caso, somente com escoriações leves, digo que a favor, pois passaremos pela estrada da Graciosa que é calçada da mesma maneira e certamente irei com mais cuidado, pois errar é humano, insistir no erro é burrice.
Após um breve banho no meio da praça de Santa Branca, já que tinha que tirar a areia dos ferimentos, seguimos para São José dos Campos para comemorar o aniversário do nosso amigo Sem Limites Bruno.
Mais um final de semana terminou e não conseguimos pedalar como queríamos, más neste ao menos tivemos oportunidade de conhecer novas pessoas e por isso digo que, apesar do tombo, o final de semana foi animal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário