quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Travessia Ponta da Joatinga - Eramos seis e um feriado de muito sol.


1 º Dia – De São Paulo a Praia de Sumaca, a saga para chegar em Paraty.
No mundo trilheiro o feriado de 7 de setembro é marcado pelo fim da temporada de montanha, pois o inverno termina no dia 21 deste mês. Contudo o aquecimento das águas do pacífico, causado pelo fenômeno de El nino, fez uma onda da massa de ar quente e seco se instalar na região sudeste e provocar um verão em pleno inverno.
Sabendo que as condições climáticas favoreciam mais uma trilha de praia do que as alturas das montanhas, escolhi, juntamente com a Vivi e a Carol,  a Região da Joatinga passar o feriado e finalmente realizar a mais famosa travessia de praia da região sudeste com tempo ótimo.
Como estávamos em três aventureiros precisávamos de mais uma pessoa para fechar o carro. Quando lançamos o roteiro, o André Muxagata se interessou, pois estava com planos para ir à região da Mantiqueira com sua namorada e achava que ela aguentaria uma trilha pelo litoral, já que estava iniciando nas atividades outdoor.
Ainda de ultima hora conseguimos convencer o Thiago Araújo a ir conosco neste clássico roteiro trilheiro. Nossa ideia era sair de madrugada para evitar o trânsito. Comigo seguiram Vivi, André e sua namorada Juliana.
Durante a viagem tudo estava correndo bem até que a cerca de 2 km da descida da serra que liga Ubatuba a Taubaté. O transitou parou por horas como eu nunca havia visto. Depois de horas parados, finalmente conseguimos descer a serra e encontramos com a Carol e o Thiago, que esperavam por nossa chegada.
Depois de abastecer seguimos direto à Cidade de Paraty. Depois de andar todo o cais e constatar que tínhamos poucas opções de barco, escolhemos pelo menor preço e mais lento também.


Partimos do cais por volta das 14:40 e chegamos à Praia de Pouso do Cajaíba depois de duas horas. Já eram quase cinco horas da tarde e a noite não demoraria a cair, apesar de estarmos cansados daquele dia estressante no trânsito, ainda precisaríamos andar ao menos até a praia de Sumaca, já que cortar essa praia do nosso roteiro estava fora de cogitação e chegar a praia de Martins de Sá naquele dia também estava, assim como ficar em pouso e seguir no outro dia.
Partimos da Praia de Pouso do Cajaíba rumo à praia de Sumaca exatamente as 17h00. Seguimos pela mesma trilha que leva para a praia de Martins de Sá até o topo do morro. A subida é suave, chegando apertar em um único ponto apenas.
No topo do morro antes de começar a descida ruma à praia de Martins de Sá, saímos da trilha principal e seguimos por uma picada mais discreta a esquerda.
Já passavam das 17h30 e ainda faltava um bom trecho até o nosso destino naquela noite, por isso já encarávamos como certo que andaríamos a noite.
Depois de contornar um colo de morro, a trilha segue agora mais aberta. Não demorou e a noite caiu, por isso reunimos o grupo e tentamos andar mais juntos.
 Depois de passar por uma área de acampamento de caçador (ou de turistas que não querem pagar camping?) cruzamos com um rio. Como todos não estavam com seus estoques d’água completos, debatemos se não era melhor carregar toda água, já que não era certeza que teria água. Argumentei que aquele rio deveria dar na praia já que estávamos pertos e que na praia havia um bar e certamente teria água. A minha primeira conclusão estava errada, pois a praia não estava tão perto daquele rio. A segunda conclusão estava certa para minha alegria, pois eu tinha me comprometido a ir buscar água se não tivesse na praia.
Finalmente às 19h00 chegamos ao nosso destino depois de encarar um verdadeiro martírio para chegar até aquele paraíso que naquele momento estava encoberto pelo manto escuro daquela noite, mas amanhã com os primeiros raios de sol toda aquela beleza se descortinaria e revelaria todos seus encantos.
Mesmo cansados, montamos logo o nosso acampamento. Aproveitamos as mesas do bar e montamos nossa cozinha ali mesmo. Desta vez eu e minha menina ficamos devendo no quesito novidade, já que a ideia era aproveitar o que tínhamos em casa e por isso fomos do e bom arroz com feijão e bacon.
André e Juliana foram de comida liofilizada e tentaram me convencer que estava bom, mas mesmo após provar não mudei de ideia. Mas não pensem que é radicalismo.
Já a Carol e o Thiago apavoraram no rango deles com uma suculenta costelinha de porco defumada ao molho barbecue, arroz liofilizado e seleta de legumes refogada no azeite e alho.
Receita costelinha: refogue meia cebola, ou a gosto, e um pouco de alho torrado, depois acrescente a costelinha defumada e acrescente o molho barbecue. Deixe cozinhar por alguns minutos e está pronto!
Após todos saciarem suas respectivas fomes, ficávamos conversando por um tempo, neste momento o André comunicou que não prosseguiria já que a Juliana estava muito cansada.
A noite estava linda cheia de estrelas, mas o cansaço causado pelas horas perdidas no trânsito me venceu. Queria muito aproveitar aquele momento, mas o sono era maior.
2º dia – De Sumaca a Ponta Negra.
Acordamos antes dos primeiros raios tocarem a areia da praia e dá-la o tom dourado de todas as manhãs ensolaradas. Eu queria dormir por mais um tempo, mas teríamos que andar muito naquele dia e queria aproveitar um pouco aquela praia, que por vezes vim para esta região para conhecê-la, mas tive que abortar a ideia.
 Assim que sai da barraca conclui que todo esforço para chegar naquela praia ontem a noite valeu a pena. Realmente era linda, águas claras com grandes blocos de pedra no seu canto direito que formava uma fortaleza ótima para quem queira praticar mergulho livre. Do lado esquerdo, após algumas pedras há outra pequena faixa de areia, formando outra pequena praia.
Após saborear o meu café da manhã (rap 10 com queijo e lombo defumado) fui mergulhar na praia, pois não demoraríamos a partir e não queria perder a oportunidade de mergulhar naquelas águas. Afinal, tantas pessoas estavam se aglomerando por um lugar na praia e eu tinha uma só para mim e meus amigos.
Com o mar ainda um pouco agitado devido uma forte ressaca que assolou o litoral fluminense na semana que antecedeu o feriado, poucos peixes estavam dando o ar da graça naquela manhã.
Com nossas mochilas prontas, partimos rumo a Praia de Marins de Sá às nove horas e trinta minutos. Voltamos pelo mesmo caminho até interceptar a trilha que levaria direto a ela, sem a necessidade de voltar por todo o caminho e usar a trilha que vem da praia de pouso.
André e a Juliana se despediram de nós na bifurcação, já que eles seguiriam direto para a Praia de Pouso e tentariam um barco para Paraty ainda naquele dia.
Depois da bifurcação a trilha segue descendo por uma Crista suave até que no final ela vira para a direita para descer a encosta rumo à praia de Martins de Sá.
 Chegamos por volta das onze horas e logo fomos curtir a praia e por incrível que pareça a Vivi entrou na água!!
Após uma breve reunião sobre o roteiro do nosso dia, decidimos que curtiríamos aquela praia e se precisar andaríamos a noite para chegar à Praia de Ponta Negra.
Já que a ideia era aproveitar o dia, fui novamente mergulhar próximo as pedras para ver se nesta praia teria mais peixes. Aqui a situação foi pior, além de não ver nada, ainda passei pequeno sufoco para sair da água por estar sem pé de pato, já que o mar estava puxando bem quando saia da proteção das pedras. Sem desespero, procurei outra saída e sai pelas pedras.
Mesmo a contra gosto, arrumamos nossas coisas e partimos em direção a praia do Cairuçu as 13h40. Caminhada até está praia é tranquila sem muita subida, a trilha sai atrás do camping do seu Maneco e segue suave até ganhar altitude e seguir pela encosta sem grandes desníveis até chegar à pequena praia do cairuçu.
Chegamos depois de 1h30 de caminhada. O mar agitado desanimou todos que queriam curtir aquela praia, por isso fizemos uma pequena pausa para um lanche e seguimos para enfrentar duas horas e meia de subida.
A trilha no sentido que seguimos é bem mais suave do que o sentido oposto. Por isso, paramos poucas vezes para descansar. Chegamos ao topo do morro que separa as duas praias exatamente as 18h00 e ainda entre as árvores conseguimos visualizar um pouco do por do sol.
 Logo a noite caiu e seguimos mais lentos trilha abaixo. Depois de uma hora de descida chegamos à Ponta Negra.
Fomos direto para o camping próximo a praia, que estava bem cheio e tivemos que espremer nossas barracas em um péssimo local, que depois de constar que não havia ninguém dormindo num quartinho, montei minha barraca na varanda ele.
Após montar nossas casas, fomos ao bar tomar uma boa cerveja gelada para comemorar o sucesso daquela etapa.
Após algumas brejas, voltamos ao nosso camping para preparar nossos jantares. Nesta noite eu e Vivi preparamos lascas de bacalhau frita no azeite, arroz de saquinho e batatas “cozida” yoki.
Carol e o Thiago foram de comida liofilizada strogonoff de frango, só que ela refogou um alho e uma cebola e depois acrescentou mais cogumelos e deu um gosto melhor do que tradicional comido pelo André na noite anterior. Mas o que pagou minha língua foi o arroz que experimentei puro. O sabor me agradou mais que o de saquinho.
Depois de prepararmos o bacalhau com todo carinho, ficamos decepcionados com a qualidade da batata “pronta” da Yoki. De pronta ela não tinha nada, estava dura a mal cozida. Tivemos que cozê-la por alguns minutos para tentar amolecer um pouco, mas não tivemos sucesso.
Sem condições de comer aquelas batatas, comemos arroz com lascas de bacalhau. A Vivi nem esperou terminar de comer e dormiu deitada no chão rs figura minha essa menina
Depois que todos foram deitar ainda tive força para ficar apreciando aquela infinidade de estrelas, até o sono chegar.
3º dia – Praia de Ponta Negra a Praia do Sono.
Neste dia acordamos mais tarde, pois o nosso corpo já dava sinais de cansaço pelos dois dias de caminhada que enfrentamos até aquele momento.
Como passaríamos por três praias até chegar ao nosso destino, não perdemos tempo e fomos logo arrumando nossas coisas para partir. Enquanto eu desmontava a barraca Vivi preparava o café da manhã, esse é espírito do trilheiro, solidariedade nas tarefas do acampamento.
Já com as coisas arrumadas partimos para a praia para tirar umas fotos e eu, claro, aproveitei para dar um belo mergulho antes de seguir rumo à praia de Galhetas.
Somente um morro separa a praia de Galhetas e a Praia de Ponta Negra, por isso em menos de 10 minutos chegamos a ela. Nesta praia não há faixa de areia, somente pedras e mais pedras que formam um bom local para mergulho. Pausa para algumas fotos e seguimos rumo à próxima praia.
A travessia do rio que deságua na praia agora é feita por uma ponte – dá ultima vez que estive por essas bandas ela ainda não existia. Nesta época do ano, onde os rios estão em seu nível baixo, devido à estiagem, não era necessário através pela ponte, porém nas épocas de cheia é necessário alguma cautela, pois já tive que atravessar aquele rio com corda.
Seguimos rumo à praia de antigos e antigos, passando a ponte a trilha sobe verticalmente até o topo do morro até andar em nível e descer suavemente até a praia de antiguinhos. Vivi e Thiago não quiseram passar nesta praia e seguiram direto para antigos.
Enquanto eu tomava um banho de mar em antiguinhos chegou a Carol e seguimos juntos até antigos onde fizemos uma bela pausa para mergulho.
Depois de cansar daquela praia resolvemos seguir rumo a ultima praia do dia para ver se encontrávamos alguns conhecidos. Por isso Vivi seguiu a frente enquanto eu e o Thiago ficamos tirando fotos da praia do Sono do alto do morro que separa essas praias. Um visual realmente fantástico em dias cinzentos imagine agora com o tempo aberto! Para fechar com chave de ouro o role mesmo.
Infelizmente não encontramos os amigos que procurávamos, pois já tinham ido embora mais cedo, mas acabamos encontrando outros e ficamos curtindo uma tarde na praia do Sono ao som de um violão até as 14h00 quando resolvemos seguir ruma a vila do Oratório para pegar o ônibus ruma a Paraty.
A Carol resolveu ir de barco esse ultimo trecho e por isso combinamos de encontra-la no carro em Paraty. Em uma hora eu, Vivi e Thiago fizemos o percurso da Praia do Sono até a Vila. Ainda tivemos tempo de tomar uma gelada e pegar o ônibus.
Finalmente depois de 4 investidas na região (duas travessias, uma subida ao pico do Cairuçu e uma tentativa abortada antes de começar) conseguimos realizar uma das travessias mais belas do sudeste com tempo totalmente aberto.

tracklog para gps: http://connect.garmin.com/activity/221989050
Mais fotos

Nenhum comentário:

Postar um comentário